A segunda etapa do Rali Dakar afinal não terminou ontem ao final da tarde, com o regresso dos concorrentes à cidade peruana de Pisco; prosseguiu até tarde na noite, com as discussões na secretaria, que resultaram numa autêntica reviravolta na classificação dos automóveis, a qual determinou que Carlos Sainz foi o vencedor do segundo sector selectivo — depois de já ter ganho o primeiro — e consequentemente reforçou a liderança em termos absolutos, passando a dispor de pouco mais de cinco minutos de avanço sobre o Mini de Stéphane Peterhansel, enquanto que o seu companheiro de equipa, Nasser Al-Attiyah foi relegado para a última posição, aparentemente sem grandes hipóteses de discutir a vitória nesta edição.
E o que se passou para que tudo isto tenha acontecido? A organização não avança grandes explicações, limitando-se a emitir um breve comunicado em que dá conta das mudanças na classificação como consequência da análise de uma reclamação de Sainz, que foi julgada procedente, sem fornecer quaisquer indicações quanto ao caso de Al-Attiyah.
A equipa destes dois, porém, adianta mais algumas explicações, mas o mais curioso é que segundo essas mesmas explicações, em causa esteve precisamente o mesmo problema e não há indicações de terem discutido uma resolução tão distinta por parte da organização. Vejamos o que se passou: os dois pilotos terão perdido imenso tempo às voltas no local onde o GPS deveria registar um “way point”, sem que o aparelho gravasse a passagem; Sainz perdeu mais de 21 minutos até decidir prosseguir sem o registo, que se gravou três quilómetros mais adiante. Ora ao verificar que terá havido uma falha no serviço da organização, os comissários desportivos contabilizaram, com recurso aos registos do GPS, o tempo realmente perdido por Sainz e retiram-lhe esse atraso involuntário, o que permitiu ao espanhol ser declarado de novo vencedor.
Já quanto ao seu colega do Qatar, embora Al-Attiyah tenha acusado que lhe sucedeu o mesmo, a organização foi implacável e não só não lhe retirou o tempo, como as penalizações inerentes à falha de “way points”, não lhe poupando sequer mais uma hora adicional de penalização, que o consolidam no último lugar, a mais de dez horas de Sainz! E tudo isto sem contestação, pelo menos por agora…
Assinale-se que estas alterações não modificam a posição de Carlos Sousa e Miguel Ramalho, a única dupla a defender as cores portuguesas nos automóveis, que hoje arrancaram para a terceira etapa, de Pisco a Nasca, num belo nono lugar absoluto!