Conduzir em Beirute foi a primeira aventura da nossa demorada experiência no Líbano. Antes de mais porque nada do que nos haviam dito correspondeu à realidade. Expliquemo-nos melhor: tinham-nos alertado para a insegurança, mas o que mais vimos por todo o lado foi policias e, normalmente, fortemente armados. Depois, quando vimos à noite mulheres a conduzir sozinhas, ainda para mais um automóveis topo de gama [dos verdadeiros topo de gama, não daqueles modelos baratos a que a imprensa menos conhecedora habitualmente se refere…], percebemos uma vez mais a subjectividade dos perigos. Outro dos pontos que nos tinham alertado como suficientemente forte para abdicarmos de conduzir era o modo agressivo dos libaneses ao volante. Convém esclarecer que nenhum destes conselhos nos foi transmitido por um português, embora alguns deles tivessem vindo de uma italiana, daí a surpresa ter sido enorme, pois na verdade o modo como conduzem não difere em nada do dos portugueses e comparados com os italianos somos ambos um verdadeiros “gentleman driver’s”. Por fim, a surpresa maior de todas foi a dificuldade em decifrar indicações e em encontrar as ruas onde queríamos ir. Primeiro porque nem sempre encontramos indicações sem ser em arábico. Depois porque os nomes das ruas nem sempre correspondiam, no nosso alfabeto, às indicações que tínhamos, pois a transposição do arábico segue a fonética e cada qual rescreve como lhe soam os nomes. E quando buscamos incessantemente um destino que não temos escrito como eles escrevem, tudo se complica…
por: Alexandre CorreiaCoragem e ousadia são palavras que hoje se pronunciam com raridade, apesar de firmeza e convicção serem sinónimos utilizados cada vez mais para disfarçar...