As três primeiras edições sul-americanas do “Dakar” foram absolutamente dominadas pelos camiões da Kamaz, mas este ano chegou finalmente o momento da vingança, bem dura, diga-se de passagem, pois a marca do Cazaquistão não conseguiu melhor que uma efémera passagem pela liderança, após a terceira etapa. Até esse momento, o rali todos os dias conheceu um novo líder, começando desde logo por uma surpresa, quando na etapa de abertura o MAN 480 TGS do holandês Marcel Van Vliet tomou a dianteira. No dia seguinte, outro holandês passou para a frente, Gerard De Rooy e o inconfundível Iveco Torpedo, para à terceira jornada se instalar na primazia o Kamaz 4623 de Artur Ardavichus, um piloto que se estreara na edição anterior do “Dakar” com um oitavo lugar. Ao quarto dia, Gerard De Rooy recuperou o primeiro lugar e desde então não mais deixou esta posição, conquistando finalmente uma vitória que há vários anos perseguia e que teimava em não acontecer. De Rooy bateu por 51 minutos o seu compatriota e colega de equipa Hans Stacey, o único piloto até aqui a intormeter-se no domínio da Kamaz, pois ganhou em 1997 o “Euromilhões Lisboa-Dakar” com um MAN. Desta feita, Stacey jamais ganhou uma etapa, mas seguiu de perto o vencedor desde a nona etapa, quando a desistência do Tatra do checo Ales Loprais, que capotou, lhe permitiu recuperar facilmente o segundo lugar.
Curiosamente, Gerard De Rooy obteve a sua primeira vitória precisamente 25 anos depois do seu pai, o lendário Jan De Rooy, ter conseguido o mesmo resultado com um impressionante DAF de dois motores. E tal pai, tal filho: Jan foi o primeiro “camionista” a ter logrado terminar com um tempo total que o colocava entre os 10 mais rápidos e também Gerard o conseguiu, pois teria sido exatamente o décimo absoluto se o “Dakar” tivesse uma classificação conjunta de automóveis e camiões. Ou seja, para quem tantas vezes substima as capacidades e o andamento dos “pesados”, esta é uma nota bastante esclarecedora…
A Iveco e a Kamaz tomaram conta dos seis primeiros lugares — o sexto posto coube ao Iveco do italiano Massimo Biasion, o ex-Campeão do Mundo de Ralis… —, completando-se o top-ten com os Tatra T815 do checo Martin Kolomy e do brasileiro André De Azevedo, em sétimo e oitavo, seguindo-se o Hino 500 Series do japonês Teruhito Sugawara e o MAN TGS do holandês Pieter Versluis.
