Embora ainda fosse demasiado cedo para se tirarem conclusões, mas a primeira metade da primeira etapa do Rali Vinho Madeira foi um verdadeiro bailinho pela liderança entre o italiano Giandomenico Basso (Hyundai i20 R5), um especialista nos troços de asfalto da ilha da Madeira e o piloto local Alexandre Camacho (Peugeot 208 T16 R5). Na estreia do Hyundai i20 R5 no rali insular, Basso explicou porque já venceu por 4 vezes o Rali Vinho Madeira, mostrando as potencialidades do Hyundai em ralis deste tipo. Aliás, Basso já tinha demonstrado as suas intenções ao vencer a Super Especial da Avenida do Mar, deixando um surpreendente Miguel Barbosa na segunda posição a apenas seis décima de segundo.
Esta luta a dois pela liderança, com 3 vitórias para Basso e 2 para Camacho, não retirou brilho a outros candidatos, uma vez que muita coisa estava ainda para acontecer. Um tempo chuvoso molhou os dois primeiros troços da manhã desta sexta-feira, trocando os planos a muitos concorrentes. O francês Stephane Lefebvre, que foi à Madeira defender as cores do Citroen Vodafone Team, tripulando o DS3 R5 do campeão José Pedro Fontes, nunca chegou a passar pelo comando, vindo a abandonar após a o 3º troço, com problemas de transmissão no Citroen, fazendo durar pouco tempo a excelente visibilidade do piloto oficial da marca francesa no WRC.
Mas se a baixa de Lefebvre foi demasiado notada e não fazia parte dos planos, logo na parte inicial da prova, outras lutas iam aquecendo o ambiente madeirense, com Miguel Nunes (Hyundai i20 R5) e João Silva (Citroen DS3 R5) a assumirem uma luta madeirense pelo 3º lugar da classificação geral. Miguel Campos, ao volante do Skoda FAbia R5 e com António Costa no banco do lado resguardava os lugares cimeiros, com Tempestini (Citroen DS3 R5) pelo meio, separando a luta do Campeonato Nacional de Ralis, que ficava presa nas atenções despertadas pelas exibições positivas de Miguel Barbosa (Skoda Fabia R5), Carlos Vieira (Citroen DS3 R5), João Barros e Joaquim Alves, ambos em Ford Fiesta R5).
Correr em casa
Quando chegou a hora do Rali Vinho Madeira “virar” para o norte da ilha, com dupla passagem pelos troços de Cidade Santana e Ribeiro Frio, chegou também a vez de surgir imparável o madeirense Miguel Nunes, que parecia esperar pela altura da prova decorrer perto de sua casa, para lançar o ataque estratégico e conquistar a liderança do rali. Nunca perdendo demasiado tempo até à altura ideal, o piloto do Hyundai vence as três primeiras especiais e passa para a liderança do Rali Vinho Madeira, deixando Basso a apenas seis décimas de segundo e Alexandre Camacho a 6,5 segundos. Um duelo madeirense que se adivinhava, com Basso metido pelo meio desta “guerra” local, reforçada ainda pela presença de João Silva no 4º lugar da geral, enquanto Miguel Campos e Miguel Barbosa se mostravam nas posições seguintes, como os dois melhores pilotos provenientes do continente. Quanto a Carlos Vieira, demonstrou contenção até ao momento, pensando exclusivamente nos pontos que pode conquistar para o Campeonato Nacional de Ralis.
Mas seria a segunda passagem por Ribeiro Frio, a última da ronda, antes das duas especiais noturnas, a marcar pela negativa o desenrolar da prova. Um acidente com o Ford Fiesta R5 de Joaquim Alves levou a que o troço fosse interrompido a partir daí, tendo apenas sete concorrentes disputado a especial em condições normais. O piloto de Cesar foi imobilizado e conduzido ao hospital para efetuar exames por precaução. Em relação à parte desportiva, foi aplicada uma decisão administrativa para os restantes concorrentes que encontraram o troço obstruído, entre eles o líder do rali Miguel Nunes, acabou por tentar manter a verdade desportiva e a emotividade da prova, com benefícios para uns e prejuízos de pouca monta para outros. Assim o madeirense Miguel Nunes continuou na liderança da prova, seguido a poucos segundos por Basso e Camacho.
No calor da noite
O Rali Vinho Madeira contou com duas especiais noturnas. Serragem e Terreiro da Luta estavam destinados a quem conhece a palmo os troços madeirenses. Aí Miguel Nunes voltou a explicar na passagem por Serragem, porque é um forte candidato à vitória, ganhando 5,9 segundos a Alexandre Camacho e 18,5 segundos a Giandomenico Basso, com os 5 primeiros lugares a serem todos ocupados por pilotos madeirenses, o que exemplifica bem como o conhecimento noturno dos troços é essencial. No Terreiro da Luta, antes do regresso ao Funchal, o italiano Basso respondeu forte, vencendo a especial com um espetacular João Silva na 2ª posição, seguido por Alexandre Camacho, Miguel Nunes e Miguel Campos. Com o calor da noite e a “graça” da chuva, o madeirense Miguel Nunes termina o dia na liderança da prova com 12,1 segundos de vantagem para Alexandre Camacho. Dois madeirenses à frente do italiano Giandomenico Basso que é 3º classificado a 16,6 segundos do líder, com outro piloto da Madeira a manter ainda intactas as esperanças de subir na classificação. João Silva é o 4º classificado a 31,3 segundos de Miguel Nunes. Em relação aos dois melhores pilotos continentais, Miguel Campos é o 5º da geral mas já a 1m47,5 e Miguel Barbosa o 6º a 2m22,3, o que demonstra bem a importância de conhecer como ninguém o terreno que se pisa. Sábado é o último dia de prova, com o Rali Vinho Madeira a contar com mais 8 especiais de classificação e 4 fortes candidatos à vitória.
por: António Xavier